Paróquia
O início da vida cristã em comunidade.
Erguia-se, lá pelo ano de 1915, em frente ao antigo Auto Comércio Maggi, uma cruz de madeira de 4 metros de altura. Ela foi erguida por João Dias da Silva, conhecido por João de Deus, o rezador. Ajoelhava-se o Capelão sobre um pelego diante da cruz e todo o povo sobre a grama. Reunindo-se aos Domingos e dias Santos, junto dela o povo manifestava a sua fé em Deus, pagava suas promessas e enterrava suas crianças que morriam. Também junto da Cruz se realizavam as novenas e leilões das ofertas que o povo trazia.
A cruz, símbolo da salvação de Cristo, fazia com que se conservasse atuante a fé em Deus, união solidária e fraterna, a confraternização singela e alegre. Ao lado da Cruz mais tarde surgiu a capela onde o povo expressava sua prece e adoração a Deus.
Primeira Capela em Três Cachoeiras
Segundo o livro de Ignácio Scheffer, foi rezada uma missa na residência de José Felipe Scheffer, no sítio Pereira, em 19 de maio de 1920. Quem rezou a missa na casa de Felipe foi Padre Bartolomeu Tiecher, que era cura de Osório.
Foi nesta missa que os diversos moradores de Três Cachoeiras começaram a sentir necessidade de um lugar onde pudessem se reunir, rezar e realizar seus atos religiosos. Surgiu aí a ideia de se erguer uma capela que realizaria os anseios das famílias existentes nesta localidade, todas católicas.
José Felipe, qual São Pedro, foi pronto e franco e colocou à disposição um terreno em sua propriedade, no sítio dos Pereiras, para nele edificar uma igreja.
Naquele tempo, Colônia São Pedro era curato, embora dita Freguesia, mas de direito curado. Torres era a cede Paroquial do cura e Três Cachoeiras dependia de Torres, que encontrava-se a 30 km de distância.
As estradas eram ruins, sem pontes e só possível transitar a cavalo. O cura de Torres era responsável naquele tempo pelo atendimento de todo município, que hoje compreende Três Cachoeiras, Três Forquilhas, Arroio do Sal, Morrinhos do Sul, Colônia São Pedro e Torres. Além disso, Padre Bartolomeu carregava o peso dos anos.
Pedido de licença para construir a capela e benzer a pedra fundamental
Paróquia São Pedro de Alcântara do arcebispado de Porto Alegre.
Excelentíssimo Senhor arcebispo Metropolitano.
Os abaixo-assinados chefes, de família vem em seu nome em nome dos demais moradores do lugar, chamado Três Cachoeiras, no segundo distrito de Torres, pedir a vossa excelência licença para construir uma capela e benzer a primeira pedra fundamental em honra a José sobre terreno para este fim, adquirido conforme consta no requerimento que acompanha o presente:
Francisco Cardoso Rolim José Felipe Scheffer Filho, Manoel José Rodrigues, Manoel José Scheffer, Damásio José Scheffer. Atesto que é de muita necessidade realizar-se a construção da Capela para a qual se pede licença. Freguesia de São Pedro de Alcântara a dois de junho de 1924. O Vigário Padre Bartolomeu Tiecher.
Despacho da Licença da Construção
Paróquia de São Pedro de Alcântara 17 de agosto de 1925, do arcebispado de Porto Alegre.
Excelentíssimo arcebispo Metropolitano.
Conforme me foi pedido, remeto à vossa excelência a planta da futura Capela de São José das Três Cachoeiras orçado em dez contos de réis.
Espero seja encontrada suficiente para poder benzer a primeira pedra e proceder à obra de construção.
P.D e E.R.M
Pe: Bartolomeu Tiecher, Vigário de São Pedro de Alcântara 17 de agosto de 1925.
No mesmo papel, está o alvará de licença para construção da Capela e a primeira pedra fundamental.
Porto Alegre 18 de novembro de 1925. Monsenhor Moura
Bênção da Capela
Quando da demolição da Igreja velha de São José em 1956, ao ser indenizada pela importância de 97 mil cruzeiros, visto que a br-101 passava por cima dela, foi encontrada na pedra fundamental o seguinte memorial: “no dia 20 de junho de 1926 benzeu-se e se colocou esta pedra no alicerce desta Capela dedicada a São José e para o tempo constar, assinamos este Memorial que fica Guardado na mesma pedra, que dou fé”.
Pe: Bartolomeu Tiecher – Vigário – Manoel Cardoso Rolim José Felipe Scheffer Filho, Inácio José Scheffer, Damaso José Scheffer, José Onofre Oliveira José Manoel Rodrigues.
Decreto de Criação da Paroquia
Le-se no Livro Tombo da Paróquia São José – página 1: Dom Benedito Zorzi, por mercê de Deus e da Sé Apostólica, bispo de Caxias do Sul, aos que este decreto virem, saúde, paz e benção em nosso Senhor Jesus Cristo.
Fazemos saber que, atendendo às necessidades espirituais de nossos amados filhos da zona de Três Cachoeiras, município de Torres, havemos por bem criar, como pelo presente nosso decreto criada declaramos a paróquia São José de Três Cachoeiras, de acordo com o cânone 454 inciso 3 do direito canônico.
A paróquia abrangerá todo o território que compreende ao norte a partir da Lagoa Itapeva sobre o morro Lippert, passando sobre a segunda chapada (Valim) seguindo pela Estiva Grande, passando pela estrada Morro Azul, até o morro descanso e daí para divisa de águas até Rio terra na propriedade de Francisco Scheffer exclusiva, e após segue pelo morro de Três Cachoeiras até os de Três Forquilhas, desce linha reta até a lagoa pela terra de Otalicio Duarte inclusive a da Lagoa até o Morro do Lippert.
Limitada assim a paróquia submetemos à jurisdição e aos cuidados espirituais do sacerdote por nós nomeado de todos os habitantes do seu território. Mandamos reconheçam o pároco por nós nomeado. Eriigimos em Matriz a igreja provisória de São José, que terá sacrário, pia batismal, livros paroquiais, tudo que uma paróquia exige. O pároco celebrará a missa pro populo, ensinará a doutrina Cristã, cumprirá os demais deveres paroquiais como os fiéis. Missas, atendimento a doentes, catequese à crianças e a adultos.
Caxias do Sul 25 de dezembro de 1959 – Benedito Zorzis, Bispo Diocesano.
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